Inquéritos

"Um Sogro do Pior", com Robert De Niro

Por Luís Godinho Maneta

Poder-se-ia pensar que Robert De Niro ao apostar de forma tão decidida na comédia (antes deste "Um Sogro do Pior" protagonizou, em 1999, "Uma Questão de Nervos", onde parodia um poderoso patrão da máfia) está a deixar de lado o seu tradicional papel de "gangster". Parece-me errónea esta leitura. É que De Niro aproveita precisamente esse carga de "mau" da fita (recordemo-nos, por exemplo de "Taxi Driver" ou de "O Cabo do Medo") e transporta-a para as comédias credibilizando as personagens.

Em "Um Sogro do Pior" ele é, de facto, um autêntico "gangster", escondido sob a aparência de um velhote reformado e pai extremoso, cujos alvos são os pretendentes da filha. Foi assim com Ken, o antigo namorado, volta a ser assim com Greg Focker (que raio de apelido!) que concorda em ir passar um fim de semana a casa dos futuros sogros decidido a fazer tudo para lhes agradar.

A produtora Nancy Tenenbaum ("Sexo, Mentiras e Vídeo") resume o argumento: "é um tema universal. É uma das experiências mais devastadoras que existem, ir a casa dos futuros sogros e procurar causar uma boa impressão". Tarefa verdadeiramente impossível quando se tem pela frente um ex-agente da CIA cujo "hobby" é vigiar todos os cantos da casa, senhor de um humor corrosivo, que emprega autêntico terror psicológico sobre o candidato a genro sujeitando-o, inclusivamente, a um detector de mentiras.

"Até há pouco tempo, as pessoas não tinham uma imagem de Bob [Robert De Niro] como actor cómico. Agora deram-se conta de que é um dos nossos melhores comediantes", refere o realizador, Jay Roach, cuja carreira até ao momento havia apenas sido marcada por dois sucessos de público, precisamente nos seus dois primeiros trabalhos como realizador: "Austin Powers - O Agente Misterioso"(1997) e "Austin Powers - Espião Irresistível" (1999).

Estamos perante um confronto entre Jack Byrnes (Robert De Niro), um sogro obsessivamente protector e católico, e Greg Focker (Ben Stiller), o candidato a genro, urbano, intelectual e judeu. Mas este é também um curioso embate entre De Niro, um dos actores com créditos firmados em Hollywood (dois Oscares, quatro nomeações, uma infindável lista de êxitos e de prémios), com Stiller, um actor ainda com muito caminho por percorrer mas cujas qualidades enquanto comediante são unanimemente reconhecidas pelas crítica, sobretudo depois do seu desempenho em "Doidos por Marry".

O resultado deste confronto é uma bem conseguida comédia na qual Jack tenta por todos os meios afastar Greg do "círculo de confiança" da família Byrnes e este tem um daqueles fins de semana em que mais valia não ter saído de casa: começa por perder a mala no aeroporto, arrasa os preparativos para o casamento da futura cunhada, provoca inundações e incêndios, é responsável pelo desaparecimento do gato e acaba detido quando decide falar em "bomba" dentro do avião.

A rapariga chama-se Pam Byrnes e é interpretada por Teri Polo, uma bonita actriz de 31 anos de idade, cuja carreira tem sido, basicamente, construída em séries televisivas. Foi ela, por exemplo, que protagonizou a versão para televisão de "O Fantasma da Ópera" (1990), de Tony Richardson. Em 1993 teve um pequeno papel (o de Rosa) em "A Casa dos Espíritos", o filme baseado num romance de Isabel Allende rodado em Portugal.

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