Inquéritos

"Memória dos Ventos"

A literatura pode ser um vento, sempre forte, sempre presente, agitando, arrastando a poeira do tempo, limpando o horizonte de névoas e neblinas, deixando mais límpido o ar e os ambientes, levantando as capas que os já inertes formam à superfície do solo.

Soprado de modos diferentes, os contos podem ser brisas. "Memória dos Ventos", de Pedro Luís Jorge, numa edição da "Campo das Letras", são contos, diferentes entre si, três situações possíveis e plausíveis e um quarto, que, por mais extenso, integra o que se convencionou chamar novela e como tal foi escrito, pretendendo adivinhar o que, um dia, talvez, poderá acontecer num contexto temporalmente distante, mas apercebido nos seus contornos, nela narrado e (d)escrito, obviamente efabulado.

"O Isqueiro", "Rocksinger" e "Tríptico" são relatos de quotidianos, rostos e percursos cerzidos pela ficção, emergindo da realidade envolvente. "Es Muss So Sein" decorre num meio fechado, hermético, onde contraditórios sentimentos e paixões se chocam e ambições se declaram. Num contexto de ficção científica, em que a poesia é o fio condutor da trama e dos conflitos que ela encerra. Possivelmente uma aposta num género literário pouco observado entre nós, mas sobretudo um pretexto.

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