Braga recorda Eça

"Aproxima-te um pouco de nós, e vê. O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos já não se crê na honestidade dos homens públicos..."

Inicia assim Eça de Queirós, em Junho de 1871, a primeira crónica de "As Farpas" que, em parceria com Ramalho Ortigão, começou então a publicar em fascículos mensais.

No ano em que se comemora o centenário da morte de Eça de Queirós, entendeu a Biblioteca Pública de Braga (Universidade do Minho) recordar aquela figura cimeira da literatura portuguesa, começando a evocação com a leitura pública de algumas das suas crónicas. "Homessa! Peça ao Eça!", é o título do pequeno espectáculo que a BPB, com a colaboração da Rádio Universitária do Minho, vai apresentar no Salão Medieval (Largo do Paço) nos dias 4 e 5 de Maio, às 22 horas.

Os actores António Durães e António Fonseca e as jovens colaboradoras da RUM, Clara Sousa e Isabel Rodrigues lerão algumas crónicas seleccionadas de "Uma campanha alegre", volume em que Eça reuniu a sua colaboração em "As Farpas".

Nessas crónicas Eça de Queirós disseca em profundidade a sociedade portuguesa da época. Com um propósito cívico e crítico, através do riso, da troça, ou da ironia, recorrendo à provocação, que conduz à indignação, Eça denuncia a politica da Regeneração, as suas figuras e o estado a que o país tinha chegado.

"Homessa! Peça ao Eça!" crónicas cuja leitura foi inicialmente transmitida pela Rádio Universitária do Minho, procura reavivar esse retrato que na altura tanto agitou o país e transformou os seus autores em inimigos-público número um. Nos espectáculos a realizar no Salão Medieval, com entrada livre, o enquadramento sonoro tem a assinatura de Margarida Alves e Sofia Saldanha.

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